Nesta quinta-feira, 29 de julho, às 23h, a TV Cultura e a UNIVESP TV apresentam o programa Cientistas do Brasil. Nesta edição, o convidado especial é o ex-presidente da república, sociólogo e cientista político Fernando Henrique Cardoso, que faz um balanço da sua trajetória acadêmica e comenta o lugar que ocupa o livro “Dependência e Desenvolvimento na América Latina”, obra que o colocou entre os sociólogos mais conhecidos internacionalmente.

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Durante a entrevista, FHC explica que o sucesso do livro deve-se, entre outros motivos, ao fato de sintetizar situações que não são exclusivas a um único país, mas que reflete a realidade da América Latina. Escrito na década de 70, o livro, segundo ele, apresenta “os primórdios da globalização”, pois já se via a ampliação do investimento estrangeiro, o que ele atribuía de “internacionalização do mercado interno”.

O sociólogo também recorda as pesquisas de campo que realizou junto com grandes intelectuais, como Florestan Fernandes. Ele destaca o seu livro “Capitalismo e Escravidão No Brasil Meridional”, que se opõe ao mito da democracia racial brasileira, defendida por Gilberto Freyre. O livro é resultado da pesquisa, encomendada pela Unesco, que visava confirmar a tese de que não havia discriminação racial no Brasil. No fim, o trabalho mostrou exatamente o contrário.

Sobre a capacidade de inovar, Fernando Henrique defende que não só a disciplina e o método são essenciais. Segundo ele, a criatividade, imaginação e a capacidade de relacionar diferentes situações são imprescindíveis, pois é o que “possibilita a criação de coisas novas”. Para ele, Isso vale para a física, para a vida e até mesmo para a arte, não basta apenas ter a técnica.

Entre as suas influências, o ex-presidente afirma que a leitura difícil do Capital, de Karl Marx, foi fundamental para que ele aprendesse a ter disciplina nos estudos. Entre os seus pensadores preferidos estão Weber, Marx e Tocqueville.

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