No dia 19 de junho, estreia a novela “Gabriela”, às 23h. Estrelado por Juliana Paes e escrita por Walcyr Carrasco e direção geral de Mauro Mendonça Filho sobre o comando da direção de núcleo de Roberto Talma, a novela é baseada no livro de Jorge Amado “Gabriela, Cravo e Canela", publicada em 1958. A Obra que já havia sido feita em 1975 tendo Sônia Braga no papel-título, com direção de Walter Avancini e escrita por Wálther George Durst. A versão original foi sucesso de audiência e critica. Esta é a segunda versão para o horário das 23h. No ano passado a Rede Globo fez o remake de “O Astro”, que originalmente foi exibida em 1978.

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Foto: TV Globo / Estevam Avellar

Conheça a trama da novela e seus núcleos:

GABRIELA

A terra vermelha reflete o sol escaldante do sertão nordestino. Entre as árvores retorcidas, espinhos violentos, animais indesejáveis a qualquer ser humano, o que mais mata é a sede. Seco, o clima é extremamente ingrato, infrutífero. A saliva demora a descer pela garganta rascante. As nuvens brancas não trazem sinal de água, nem uma gota. E a pele resseca e racha como o solo infértil dessa terra. É de lá que vem Gabriela (Juliana Paes). Com cheiro de cravo e cor de canela, seu corpo parece esculpido por mãos nada modestas. Traz a força da natureza no olhar e o balanço do vento no caminhar. É intima daquele lugar, mas não há mais porque cantar. A seca assola a caatinga e Gabriela precisa se retirar.

Perpassa nuvens de poeira, dias e noites marchando pelo sertão. Sem comida, sem bebida, sem acalanto. Na bagagem, um sorriso fácil de quem tem a imensa esperança de uma vida melhor. Seu canto é triste e ainda doce. Guarda na alma o seu amor pela vida. Carrega seu fardo e cuida do seu destino. Ele é seu, de mais ninguém! E assim, Gabriela abraça com coragem o intento de ser feliz. Sua árdua travessia é bem sucedida e, ao chegar a Ilhéus, conhece seu acaso, Nacib (Humberto Martins), o “moço bonito” por quem irá viver uma abrasadora paixão de encontros e desencontros tão profundos quanto o amor de um pelo outro.

Todavia, Gabriela é assim. Está com fome, come. Está com sede, bebe. Não entende porque alguém faz o que não quer. Ela respeita o querer, o do outro e o dela também. É assim, uma força da natureza, meio bicho, meio gente, meio fêmea e totalmente mulher. E o que atrai também afasta. E Nacib não sabe o que fazer com seu amor por Bié, como chama carinhosamente Gabriela.

Ele é um homem da sociedade Ilheense. Ela, uma cozinheira retirante. A flor no cabelo é só para enfeitar, mas quando ela passa, a cidade para para olhar. Ela não tem culpa, mas ele não aguenta. É tanta cobiça…! Tantos convites de coronéis. Vai que um dia ela aceita. Não pode! Vai então casar-se com Gabriela, fazer dela uma dama respeitada na sociedade. Que desencontro! O que Nacib não atina é que “certas flores são belas e perfumadas enquanto estão nos galhos, nos jardins. Levadas pros jarros, mesmo os de prata, ficam murchas e morrem”. Em outras palavras, ao prender um passarinho selvagem existe um risco iminente: um dia, quando você se distrair, ele pode ver a porta aberta e voar.

Essa história de amor se passa no começo do século XX, no interior da Bahia. Nesses tempos, moça boa era moça de família, com destino certo traçado pelo pai. E Gabriela não se enquadra na premissa. Mas é ela, alheia aos costumes da época, que provoca e põe à prova tudo quanto é sentimento humano e questionamento moral: o desejo, o amor, o preconceito, a traição, o ódio, o rancor, o perdão.


Foto: TV Globo / João Cotta

A HISTÓRIA DE ILHÉUS NO APOGEU DO CACAU

Ilhéus, 1925. Os coronéis são os grandes mandantes do lugar. Ninguém ousa dar um passo em falso sem ter aprovação de algum deles, mais especificamente, de um deles: Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Dono de arrobas e arrobas de cacau é o intendente da cidade, mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro. A democracia já está em vigor no Brasil, contudo, em Ilhéus, nenhuma pessoa tem coragem de dizer não ao voto para o coronel. O respeito foi conquistado à força, sem dó. Todos acatam o que ele diz , caso contrário, sabe-se que não terá futuro por ali. Ao lado dele, cuidando da moral de Ilhéus, mais coronéis compartilham de seu poder. Um deles é Melk Tavares (Chico Diaz), seu fiel escudeiro, desde o dia da batalha final pela conquista de Ilhéus, até os dias de hoje. Outros como Jesuíno (José Wilker), Amâncio (Genézio de Barros), Coriolano (Ary Fontoura), Altino (Nelson Xavier), Manuel das Onças (Mauro Mendonça), Eustáquio (Lúcio Mauro) e Ribeirinho (Harildo Deda) também compartilham, não só da violência dos mandos, como na opinião irredutível: está bom como está, não tem precisão de mudar.

Mas o tempo altera o rumo das coisas, e mesmo a mais dura rocha, um dia sofre com a erosão. Os ventos trazem transformações, e com Ilhéus não será diferente. E, se é pelo mar que as tempestades costumam chegar por lá, é um navio que aporta em Ilhéus que traz a carga mais perigosa contra o conservadorismo que impera na região: Mundinho Falcão (Mateus Solano). Jovem descendente de uma forte família política em São Paulo, empreendedor milionário, chega do Rio de Janeiro com um propósito malquisto na cidade dos coronéis: o progresso.

Ganha rapidamente o posto de maior exportador de cacau da região e, tão veloz quanto sua fama, se torna o mais gigante oponente que Ramiro Bastos já teve em vida. Um ardiloso comerciante, orador nato, bonito por natureza, dono de elegância que vem de berço. E solteiro. Até as sinhazinhas já prometidas suspiram quando ele caminha com seus passos cuidadosos. A época das grandes emboscadas está por um fio com a presença galante de Mundinho. Ramiro terá que usar de outras armas para ganhar essa batalha contra a “imoralidade” trazida por esse “um” da capital. Mas não será fácil. Mundinho é um sedutor nato.

O símbolo mais emblemático da luta entre o conservadorismo de Coronel Ramiro Bastos e o progresso de Mundinho Falcão é a promessa da grande obra no porto de Ilhéus. Lá, os navios encalham, o que faz com que a exportação do cacau esteja totalmente nas mãos dos governantes da Bahia, a capital hoje conhecida por Salvador. Mundinho quer ver a economia de Ilhéus livre, e Ramiro, como intendente da cidade, deve muito ao governo baiano, e se opõe veementemente contra mais essa “liberdade”. Mundinho então decide não negar seu sangue e entra de vez para política. Será “a” oposição ao forte coronelismo local. Um briga de foice, instigada ainda mais pelo nascer de seu amor por Jerusa (Luiza Valdetaro), a neta preciosa de Ramiro Bastos.

ROMEU E JULIETA DOS TEMPOS QUASE MODERNOS

Foi uma ideia e nada mais. Um dos coronéis, Altino Brandão (Nelson Xavier), o primeiro a virar casaca e se aliar a Mundinho Falcão, é quem, numa conversa falsamente despretensiosa, planta a semente de uma poderosa união: “Não precisa brigar com o coronel, é só unir-se a ele. Ele tem uma neta, chama-se Jerusa. Conheça a moça”. E assim, como quem não sabe das coisas, é que Mundinho vai se aproximar de Jerusa. Mas não contava com as artimanhas do destino. Um coração fisgado, dois apaixonados.

Jerusa é filha de Alfredo Bastos (Bertrand Duarte), filho de Ramiro Bastos, um médico de pouca expressão, do qual o pai fez deputado; e de Conceição (Vera Zimmermann), a típica sinhazinha do cacau, altiva e orgulha. Entretanto, vem de seu avô a proteção maior. Já tem futuro pronto para Jerusa, sua joia preciosa. A neta herdeira dos Bastos já está prometida para Juvenal (Marco Pigossi), filho de Coronel Amâncio (Genézio de Barros), um de seus melhores amigos.

Saber disso é o que mais lhe aperta o peito quando conhece Mundinho e vislumbra seu destino. Os dois sabem: Mesmo que a bela Jerusa já não tivesse sua mão prometida, Mundinho Falcão, de todos os homens do mundo, seria o último que Ramiro aprovaria para sua neta predileta. Ele sabe. Ela sabe. Nasce então, um amor proibido, encontros às ocultas e muito romantismo.

TONICO BASTOS, UM IRRESISTÍVEL MAU-CARÁTER

Tonico (Marcelo Serrado), filho de coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), ganhou um cartório para se ocupar. É casado com a ciumenta Olga Bastos (Fabiana Karla), com quem tem quatro filhos. É tão escorregadio que consegue fazer com que Olga esteja sempre a defendê-lo. Ela tem certeza de que ele é um santo, mas muito desejado por todas as mulheres que chegam por perto. Entretanto, Tonico é um grande mulherengo, vive atrás de um rabo de saia. Mas é esperto, faz cara de coitado perto da mulher.

Frequentador assíduo do Bataclan, onde tem suas preferidas, mas não deixa de olhar para todas as outras, está sempre muito sorridente, muito amigo, mas é completamente sem escrúpulos. Tonico é mais um que passa a frequentar o bar Vesúvio, de Nacib (Humberto Martins), na hora do almoço. É a oportunidade de ver Gabriela (Juliana Paes). Ela traz os quitutes que faz para Seu Nacib vender no bar. A pedido da moça é ela quem serve a freguesia, que não se sabe bem ao certo o porquê, aumentou consideravelmente depois da chegada de Gabriela à cozinha. Deve ser o sabor da comida, pensa ela.

Esse é o momento mais esperado por todos os homens da cidade. A ida e vinda de Gabriela. A retirante de curvas acentuadas deslizando por entre as cadeiras do bar, debruçando sob uma mesa e outra. É nessa hora que Tonico, quando Nacib não vê, passa a mão nas costas de Gabriela, beija o pescoço dela. Ela faz que não vê. E é ele, o próprio Tonico Bastos que põe na cabeça de Nacib que ele precisa casar com ela. Um tesouro assim, não pode ficar desfilando na cidade sozinha. Há de se tê-la em casa, sob julgo do casamento, só para Nacib, sem deixar Gabriela para mais ninguém.

Precisa, não. Tá bom como tá. Precisa casá, não, seu Nacib”, a frase de Gabriela em resposta ao pedido de casamento é taxativa. Não precisava. Mas Nacib quis. Ouviu Tonico e seus ciúmes.

O amigo de Nacib, então, torna-se o padrinho do casório E é assim que Tonico consegue se deitar na cama dela. Ou melhor, na cama do casal. O árabe não acredita no que vê. Seu amigo e o maior amor de sua vida, juntos, na mesma cama. Empunha uma arma, quer atirar, mas não consegue. Ama sua Bié demais da conta. A moral da época manda. Precisa atirar. Mas ele não consegue. Tonico livra sua pele, mas há de ter implicação.

Nacib anula o casamento. Nessa época não podia, mas como Gabriela nem documento tinha, ele volta rapidamente a ser solteiro, comerciante e dono do bar Vesúvio.

E Gabriela volta a ser Gabriela. Sente alívio por poder voltar a sorrir sem culpa, pé no chinelo, vestido sem moda e flor no cabelo. Mas a saudade é imensa, dos dois lados. Será que vão aguentar?

LIBERAÇÃO FEMININA, MEU NOME É MALVINA

Filha única do coronel Melk Tavares (Chico Diaz), Malvina (Vanessa Giácomo) não tenta domar seu espírito independente. Sabe que seu destino está traçado nas mãos de seu pai: vai fazer bom casamento com algum filho de coronel escolhido por ele e, com isso, passará a vida cuidando da casa e dos filhos, escravizada pelo marido. Repudia esse pensamento e não abre mão de ter acesso a tudo o que é proibido, na época, para a mulher. Vai atrás de livros e os consegue em surdina, pelas mãos discretas de João Fulgêncio (Pascoal da Conceição), logo aqueles que ninguém pode ler. Descobre um mundo diferente de Ilhéus. Não aceita sua vida por lá.

Sua personalidade, tão forte quanto a do pai, é um problema para a família. Ela enfrenta as impetuosas ordens do coronel, e é sua mãe Marialva (Bel Kutner) que sofre. Ela ama sua boa mãe. Mas não quer ser igual a ela. Não é possível. Tudo que Malvina menos quer é ser reprimida e submissa como as mulheres dos coronéis. Sabendo disso, seu pai precisa arrumar logo um casamento para ela. Não gosta dessa rebeldia tão aflorada.

E quem suspira por Malvina é Josué (Anderson Di Rizzi), o professor do colégio e poeta nas horas vagas. Ele se encanta pela beleza forte de Malvina. Ela vê nele uma possibilidade de compreensão. Para ela o professor é sensível e pode abarcar seus anseios. Pura ilusão. Pobre Malvina, ele é só mais um homem de Ilhéus. E eis que chega um forasteiro, um engenheiro vindo da capital. Malvina se apaixona pela alma moderna de Rômulo (Henri Castelli). Mas ele é casado! No entanto, a jovem não se importa com isso, ele já não vive com a mulher. Esfrega na cara da sociedade seu romance rechaçado. Mas existem consequências, A cobrança irá chegar.

SINHAZINHA, O EXEMPLO PARA A SOCIEDADE

Com os casamentos arranjados, não havia como Sinhazinha (Maitê Proença) fugir do seu destino, muitas vezes, cruel. E assim foi com – ela, casou-se com coronel Jesuino (José Wilker), um dos mais broncos e duros dos coronéis. É tratada com frieza, não sabe o que é amor. Nunca foi beijada, não sabe o que é sentir prazer. É devota fervorosa de São Sebastião. Dona Sinhazinha é um exemplo para a sociedade. Sempre muito bem vestida, sempre muito bem educada. Um das principais ajudantes de Padre Cecílio (Frank Menezes).

Um dia precisa ir ao dentista e conhece Dr° Osmundo (Erik Marmo). Durante o tratamento dentário, conversam e se conhecem cada vez mais. Osmundo se encanta com a candura de Sinhazinha e não entende como pode conseguir viver ao lado de um homem tão bruto e grosseiro quanto Jesúíno. Ela, por sua vez, se apaixona perdidamente pela sensibilidade de Osmundo. Vivem, então, um romance perigoso, cheio de emoções e angústias. Os poucos momentos que estão juntos são os mais felizes desse mundo. Uma contradição com a vida diária de Dona Sinhazinha. O burburinho na cidade aumenta. Todos já desconfiam. Sinhazinha está mais bonita, mais mulher.

Eis que Jesuíno vê o flagrante e resolve dar fim a essa pouca vergonha. Faz o que deveria ser feito. E comete um crime que irá definitivamente dividir a cidade. Até então, todas as traições acabam assim. E o marido traído nem sequer é questionado. Continua livre e casa novamente se for de seu interesse. Mas dessa vez os tempos são outros e Osmundo é filho de gente importante na capital da Bahia. Sua rica família irá lutar pelo direito de ver atrás das grandes o grande assassino.

BATACLAN, A GRANDE FESTA DA CIDADE

Enquanto trancam suas mulheres em casa, os coronéis se esbaldam no cabaré mais agitado de Ilhéus, o famoso Bataclan, regido pelas mãos de ferro – e de unhas carmim – de Maria Machadão (Ivete Sangalo). É por lá que a moda entra, que os anos 20 brilham. Muita música, , muita risada e muito prazer. As mulheres-damas, como são chamadas as trabalhadoras locais, são moças lindas, vindas de todos os lugares, até do estrangeiro. E lá impera uma lei. Uma vez que uma das moças é chamada para sentar à mesa com um coronel, passa a ser “propriedade” dele. Ninguém mexe. E há o “chamego”, a moça de um só coronel ou homem abastado. Um costume da época.

É lá que Nacib (Humberto Martins) encontra Zarolha (Leona Cavalli), uma fogosa sergipana, seu afago certo, seu chamego. Mulher de gênio forte, com vontades próprias, e fiel a seu turquinho – como se refere a Nacib. Zarolha é quem vai liderar uma revolta contra as beatas da cidade. Ao saber da procissão organizada pela igreja para que as chuvas voltem a regar os campos de cacau, a sergipana começa a bordar um manto para sua santa de devoção, Maria Madalena. E quer sair nas ruas a ostentar o trabalho tão bem feito por ela e suas colegas. O que vai criar uma imensa confusão. Zarolha enfrenta até coronel Ramiro Bastos, que vê nela uma coragem similar a dele e acaba dando a grande ideia à Maria Machadão: uma greve de sexo! A cidade paralisa e sem ver como resolver o assunto, é permitida a saída das prostitutas ao lado das moças de família. Uma vitória para o Bataclan.

Maria Machadão acha bom, gosta de ver suas meninas unidas. Mas sob seu controle. É mulher brava, mas amiga ao mesmo tempo. Defende seu bordel com unhas e dentes e não gosta de ser enganada. Dá conselho às meninas, ensina como tirar mais dinheiro dos coronéis. E tem seus segredos. Quando ouve alguma coisa que possa prejudicar Ramiro Bastos (Antonio Fagundes), Maria faz com que ele saiba. Ele não frenquenta mais o lugar, mas sua ligação com Maria Machadão é algo de longa data, porém ninguém comenta. O Bataclan é um lugar de diversão.

A MOÇA DA JANELA

E o coronel que não tivesse seu chamego no Bataclan, sustentava uma “teúda e manteúda” em algum lugar. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) é conhecido por seus casos extraconjugais. Dizem que já até fez justiça com uma dessas moças que sustentava quando soube que ela tinha outro rapaz. E assim, todos têm medo de Coriolano, ninguém é capaz de olhar para moça que ele sustente. Mas o coronel é abusado, trouxe Glória (Suzana Pires) para ficar na casa de sua família bem no centro de Ilhéus. Enquanto está na fazenda, Glória fica sozinha na grande casa. Não deixa sair à rua, e só permite a ela ficar na janela. Ela pede para ver o movimento da cidade. Ele deixa. Mas não pode sair por aí, isso já é demais.

Glória, debruçada na janela, é uma afronta a moral de Ilhéus. Todos falam. E todos, quando sozinhos, arriscam um olhar para ela. Como é bonita a morena que se apoia no parapeito de sua janela. O único que troca palavras ocasionais com Glória é Josué (Anderson Di Rizzi). Ela suspira ao ver seu amor por Malvina (Vanessa Giácomo) e sofre junto com ele. Glória tenta se aproximar de Josué e acaba por trazê-lo para sua cama. Um tórrido romance se inicia e Glória usa o dinheiro do coronel para comprar sapatos, camisas e mimos para seu amante. Um novo escândalo na cidade. O jogo de tão perigoso, fica engraçado. O clima de vaudeville toma conta da história e Coriolano, por vezes, sentirá um perfume no ar, e Josué se esconderá dentro do armário. Os dois viverão assim por um bom tempo. Entre o risco e a paixão.

LINDINALVA, UMA QUASE SINHÁ

Uma moça da classe média de Ilhéus, que os pais, donos de um armarinho na cidade, se sacrificam para dar uma vida igual a das sinhazinhas para ela. Lindinalva (Giovanna Lancelotti) corresponde a todo esse amor familiar, é doce e prendada. E apaixonada por seu noivo, Berto (Rodrigo Andrade), um dos dois filhos do coronel Amâncio (Genézio de Barros). Está prometida para casar, mas o moço enrola, quer deitar com ela antes da noite de núpcias. Ela não deixa.

Uma fatalidade acontece e Lindinalva fica órfã. Descobre que o armarinho tem dívidas homéricas e resolve aceitar a auxílio de Berto, mas em troca passa a se deitar com ele. Vira assunto da cidade, e Berto não fala mais em casamento. A moça se desespera e pede abrigo à Quinquina (Angela Rebelo) e Florzinha (Bete Mendes), uma delas, sua madrinha. Mas diante da fama da menina, elas recusam a ajudá-la: todos já viram Berto sair da casa dela ao amanhecer. Sem dinheiro e não ter o que comer, Lindinalva não tem outra alternativa: se apresenta a Maria Machadão.

O JORNAL DIÁRIO E OUTRAS COISAS MODERNAS À ÉPOCA

Um jornal diário, uma arma poderosa para denunciar e agraciar a política local. Mas para que lado o jornal vai pender? Como todo bom negócio, vai depender de seu investidor. Douglas (Jackson Costa), dono do jornal mais forte de Ilhéus, vai pedir ao coronel mais poderoso da cidade a verba necessária para que o jornal deixe de ser semanal e passe a ser diário. Ramiro Bastos (Antonio Fagundes) não acha bom investimento, sabe que o jornal, mesmo com o dinheiro dele, pode se voltar contra a política que vigora até hoje por lá, a dele. Todavia, Douglas não se dá por satisfeito e vai atrás da maior promessa do progresso local, Mundinho Falcão. O jovem vê ali a oportunidade de ter um grande aliado no seu empreendedorismo. Vira o patrocinador do jornal de Ilhéus, que veste a camisa dos progressistas, com manchetes e denúncias contra o intendente Ramiro Bastos e os coronéis conservadores. A recusa do coronel virou um tiro no pé para os conservadores.

ARTE E ARTISTAS

E é Douglas, junto com seu amigo Dr° Pelópidas (Ilya São Paulo), quem vê Mundinho aportar em Ilhéus – em um barco pequeno já que o navio encalhou – com Anabela (Bruna Linzmeyer) e Príncipe Sandra (Emílio Orciollo Netto), um suposto casal, dois artistas que Mundinho trouxe da capital do Brasil para mexer com a pacata Ilhéus. Anabela tem como carro-chefe a dança dos setes véus, que por razões óbvias, só é acolhida no Bataclan. Já Príncipe Sandra consegue fazer seu show de mágicas no cinema da cidade. Juntos, os dois formam uma bela dupla de falsários. Mas isso Ilhéus só vai descobrir com a transformação dos tempos.

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