Mauro Mendonça Filho tem formação em comunicação, cinema, artes dramáticas e direção de teatro, o que lhe rendeu a versatilidade de atuar como diretor de teatro, cinema e televisão. Ingressou na TV Globo em 1984, como editor na novela ‘Partido Alto’, de Aguinaldo Silva e Glória Perez. Em 1988, começou como assistente de direção da novela “Vale Tudo”, de Gilberto Braga. Dois anos depois, já assinava como diretor a minissérie ‘A.E.I.O. Urca’, de Doc Comparato e Carlos Manga. Em 1995, assinou a primeira direção geral, no especial ‘A Comédia da Vida Privada’, com textos de Luís Fernando Veríssimo, Jorge Furtado, Guel Arraes, Pedro Cardoso, Claudio Paiva, Fernanda Young. Desde o começo de sua carreira na televisão, participou da concepção de trabalhos como ‘O Dono do Mundo’, ‘Renascer’, ‘Memorial de Maria Moura’, ‘Toma Lá Dá Cá’, ‘Negócios da China’ e ‘S.O.S Emergência’.

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‘O Astro’ não tem um formato convencional nem de uma novela, nem de minissérie. Por que criar um novo formato e não seguir um padrão já adotado pela emissora? Seria uma aposta?

MMF: É uma aposta em um novo horário e um novo formato. Queremos trazer o público de minissérie que quer ver uma obra feita com mais cuidado, e também aproximar o público de novela que quer acompanhar por um tempo maior a história. Isso já seu certo em outras minisséries que foram ao ar nas férias, como ‘Um Só Coração’ e ‘A Muralha’, mas agora é no meio do ano, no meio da vida cotidiana. Sim, é uma aposta.

‘O Astro’ foi escolhido para a comemoração dos 60 anos da teledramaturgia do Brasil. O que pensa dessa seleção? Você assistiu à novela de Janete Clair? Do que se lembra?

MMF: Acho uma bela escolha e fico feliz por participar desse especial da TV Globo. Vi ‘O Astro’ inteira quando era adolescente. Acompanhava os passos de cada personagem. Ficava extremamente intrigado com o Herculano, que era o Francisco Cuoco, com aquele turbante. Era demais! Ninguém sabia se ele era do bem ou do mal. E vamos manter essa ambiguidade nessa versão.

Então, para você que acompanhou de perto os mistérios que circulavam sobre Herculano, diga-nos como é hoje dirigir Francisco Cuoco e Rodrigo Lombardi, mestre e discípulo, respectivamente? E de quem foi a ideia de chamar Cuoco para essa releitura?

MMF: É muito emocionante. Quando vi os dois juntos cheguei para o (Francisco) Cuoco e disse “Você é o Herculano, 30 anos depois, mas é o mesmo”. E virei para o Rodrigo (Lombardi) e disse “Ele é o Herculano, então, ele é você”. Virou um o alter ego do outro. É mágica. Ninguém ao certo sabe quem é quem. O Ferragus aparece durante a história para o Herculano. É como se fosse uma projeção dele no futuro. É uma experiência que suscita muitas interpretações. A participação de Cuoco foi uma ideia conjunta do Talma, do Alcides Nogueira e Geraldinho. Resolvemos fazer essa homenagem.

Você cresceu no meio artístico, conviveu com atores, diretores e autores. E com Janete Clair, chegou a conhecê-la? Como está sendo participar da releitura de um dos clássicos da dama da teledramaturgia?

MMF: Foi um presente. Quando eu era moleque, brincava muito na casa dela. Passei tardes por lá e tive o prazer de vê-la trabalhar. Ela é sem dúvida a autora mais ousada que a telenovela já teve. Janete (Clair) estava à frente de seu tempo. A obra (‘O Astro’), hoje, está completamente encaixada no tempo. Atualmente, não existe herói retilíneo. Qualquer tipo de herói sempre tem uma imperfeição. E olha como ela já estava à frente: o herói dessa novela é o Herculano, um cara que você não sabe se é um charlatão ou um vidente mesmo.

Como se sabe, em uma obra revisitada, há liberdade de mudar alguns rumos e inserir novas perspectivas. Como você vai direcionar essas mudanças? Elas existirão?

MMF: Sim, a trama está toda voltada para os dias atuais. Os rumos serão diferentes, Herculano será mágico, além de vidente, por exemplo. Mas os ícones estarão todos ali. Se virou ícone, é porque o público quer que esteja lá. Se for pra mexer, precisa melhorar. Como em ‘O Astro’ as ideias já são muito boas, não vamos mexer nesses pilares, como o turbante. Porém, quem matou Salomão Hayalla é segredo de Estado!

Herculano será um mágico, além de vidente. Por que não ficaram com a primeira opção escolhida por Janete Clair?

MMF: Os poderes mudam ao longo do tempo, a tecnologia entra. Hoje, quando falo em magia ou mágico, o que vem na sua mente? Possivelmente, David Copperfield. Queremos mexer com a imaginação das pessoas contemporâneas, e a magia faz parte da gente, do nosso imaginário.

Por: Gardênia Vargas

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