O Telecine Cult reservou as quartas-feiras do mês de agosto para uma retrospectiva da carreira do cineasta Louis Malle, ícone do cinema francês. Cinco estreias compõem a homenagem, programada para a faixa das 20h. Com filmografia notável e coerente, Malle surgiu durante a geração Nouvelle Vague, mas destoava dos representantes do movimento por seu estilo crítico e polêmico. A ousadia do cineasta pode ser notada em seus trinta longa-metragens, com variadas temáticas: liberdade feminina, incesto, pedofilia e suicídio. Esta ousadia também causou perseguição da censura, mas isto não abalou seu pretígio e sua projeção mundial.

- Publicidade -

No dia 3, a abertura do Drive-in Louis Malle será com Os Amantes, de 1958. O drama revela a vida de Jeanne, estrelada por Jeanne Moreau, que entediada pelo casamento com Henri (Alain Cuny), dono do jornal Dijon, se entrega ao adultério. É na agitada Paris, acompanhada pela amiga Maggy (Judith Magre), que a personagem encontra paixões avassaladoras como o charmoso jogador de pólo Raoul (José-Luis Villalonga) e Bernard (Jean-Marc Bory). A película é uma adaptação do romance “Point de Lendemain”, de Dominique Vivant, e conquistou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza. Na semana seguinte, no dia 10, às 20h15, é a vez de Zazie no Metrô (1960), obra-prima do início da carreira de Malle. O cineasta resolveu adaptar para as telonas o romance homônimo do poeta e escritor Raymond Queneau, apenas um ano após a sua publicação. A divertida comédia, uma sátira ao modo de vida parisiense da época, traz Philippe Noiret e Catherine Demongeot. A trama gira em torno de Zazie, papel de Catherine, uma adolescente interiorana que visita pela primeira vez a capital francesa. Hospedada na casa de seu tio Gabriel (Noiret), a desinibida menina fica inconformada com a greve dos metroviários, já que sonhava em passear pelo metrô de Paris. O único jeito de explorar a fascinante cidade é escapando do parente. Hubert Deschamps e Antoine Roblot completam o elenco.

O terceiro título escolhido para o especial foi o premiado Trinta Anos Esta Noite (1963), no ar no dia 17, às 20h. O filme apresenta a luta de Alain Leroy, (Maurice Ronet), o atormentado protagonista, contra seu maior inimigo: ele mesmo. Inspirado em “Le Feu Follet”, dePierre Drieu La Rochele, Malle aborda profundamente o tormento do personagem central como um alcoólatra internado em busca da desintoxicação. O principal tabu da produção é o suicídio, exposto sem concessões. O clássico autobiográfico do diretor O Sopro do Coração (1971) é o destaque do dia 24, às 19h50. Considerado como um dos filmes mais audaciosos de sua trajetória, o longa-metragem tem como tema central o incesto entre Laurent (Benoît Ferreux) e Clara (a italiana Lea Massari). A produção celebra a força do afeto materno durante os anos 50 da França, embalado pela melodia de Charlie Parker e rodado em Dijon.

Adeus, Meninos (1987), é mais uma referência do inconformismo de Louis Malle. Escrito, produzido e dirigido pelo cineasta, a crônica colegial que vai ao ar no dia 31, às 20h05, reproduz com sensibilidade expressiva a história de um incidente presenciado pelo próprio diretor em sua infância. A trama retrata a França ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, envolta de preconceito e insensatez, através das crianças Julien Quentin (Gaspard Manesse) e o menino judeu Jean Bonnet (Raphael Fetjö). O cenário principal é a Sr. Jean-de-la-Croix, escola dos amigos. Contemplado com Leão de Ouro em Veneza, BAFTA de direção e sete prêmios César na França, esta coprodução entre Alemanha e França marcou a estreia de Irène Jacob nas telonas.

- Publicidade -