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Papo Aberto > Política
Relatos históricos apontam que caixa dois já abastecia o golpe militar de 1964..
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Ademir em 17/3/17, 15:43
anos | Abr 2008 | Mensagens: 4326 | Paranavaí - PR
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"Cada um trazia duas maletas, uma em cada braço. No total, seis maletas. (...) Mandei abrir. Começou uma briga, mas olhei e vi que era só dólar, dólar, dólar. Todas elas cheias de dólares. Amarradinhos do banco, aqueles pacotes de depósito bancário. Um milhão e 200 mil dólares."
A frase acima foi dita pelo coronel reformado Elimá Pinheiro Moreira à Comissão de Verdade da Câmara Municipal de São Paulo em 18 de fevereiro de 2014. Segundo ele o dinheiro --uma quantia que ajustada para os valores de hoje estaria em torno de R$ 9,5 milhões-- fora levado em 30 de março de 1964 pelo então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Raphael de Souza Noschese, para financiar o apoio do general Amaury Kruel, que havia sido chefe do gabinete militar e ministro da Guerra de João Goulart e comandava o 2º Exército, em São Paulo. Até então, Kruel, que jurava fidelidade ao governo de Jango, seu compadre, aderiu ao movimento que derrubou o governo democrático e instaurou o regime militar.
A "colaboração", feita com caixa dois de empresas coletado pelas federações de indústria, comércio e agricultura paulistas, corrobora o Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e hoje preso em Curitiba por envolvimento na Operação Lava Jato, e o empresário Emílio Odebrecht afirmaram: caixa dois em ações políticas sempre existiu.
O episódio de 1964 é o primeiro, no entanto, em que alguns participantes admitiram que houve o financiamento "por fora" --um dos termos usados para caixa dois.
A expressão na política é relativamente recente. Jargão contábil, o caixa dois --ou dinheiro não declarado oficialmente, ao contrário do "caixa um"-- começou a ser usado para designar os tais "recursos não contabilizados" na política partidária a partir dos anos 1980. É de 1982 a primeira menção à prática em jornais: na coluna econômica de Joelmir Beting na "Folha de S.Paulo".
"Ninguém doava dinheiro de lucro", afirmou o ex-governador paulista Paulo Egydio Martins à Comissão de Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, dizendo que o valor provinha de caixa dois das empresas. Na época, Egydio Martins era diretor da Associação Comercial de São Paulo.
"Trabalhávamos junto com a federação das indústrias e a sociedade rural. O 2º Exército estava no chão, sem verba para compra e equipagem dos caminhões, sem pneus, carburadores, gasolina. Montei um grupo de coordenação e as fábricas desses produtos doaram para recolocar o 2º Exército em condições operacionais. A reequipagem do Exército ocorreu já no fim do processo conspiratório. Apesar de o general Amaury Kruel ser amigo e compadre do presidente. Tudo feito às escâncaras (de modo transparente)", afirmou Egydio Martins em 23 de novembro de 2013.
Elimá, morto há dois anos, morava numa casa no Paraíso, zona sul de São Paulo, quando falou sobre o tema, em 2014. Na época com 94 anos, fora aconselhado pela família a não contribuir para a comissão. O presidente do colegiado, o hoje secretário do Meio Ambiente da gestão João Doria (PSDB), Gilberto Natalini (PV), disse que Elimá o levou para o quarto e apontou para a parede: "Aquela é minha farda. Eu nunca tive coragem de vesti-la novamente. O meu Exército não é aquele que me traiu".
https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-not...litar-de-1964.htm
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