Jean-Claude Bernardet é uma referência quando o assunto é teoria e crítica do cinema brasileiro. Filósofo e professor universitário, o pensador decidiu, aos 70 anos, inverter sua posição e, de espectador, se transformar em ator de curtas e longas-metragens experimentais e ousados dirigidos por nomes em ascensão na sétima arte nacional.

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“A Destruição de Bernardet”, documentário de Claudia Priscilla e Pedro Marques, que estreia nesta quarta (13) no Canal Brasil; mergulha profundamente nas reflexões do pensador, suas perspectivas de vida, sua nova função dentro da cadeira cinematográfica e os próprios demônios após a perda da visão e do convívio com a AIDS.

O filme flerta com a tênue fronteira de um roteiro que brinca com a realidade e a ficção da história do próprio protagonista, com momentos construídos especialmente para a narrativa. Ao longo do guião, a película brinca com a pouca aptidão do crítico para atuar, em tom de deboche com o próprio trabalho à frente das câmeras sem qualquer interesse em rebater os comentários negativos.

Os momentos documentais, no entanto, mostram um personagem de peito aberto, falando sobre questões profundas como a própria morte, a vida depois da descoberta de ser soropositivo, a cegueira parcial e a distância da família. Imaginando uma morte cada dia mais perto, o crítico deixa um filme-testamento ao seu melhor estilo: incomodando, sua principal missão em vida.

“A Destruição de Bernardet” estreia dia 13 de novembro, às 20h no Canal Brasil.

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