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Nesta sexta-feira (27/03), a TV Globo exibiu o último capítulo de “Éramos Seis”. A novela, adaptada por Angela Chaves com direção geral de Pedro Peregrino e direção artística de Carlos Araújo, não repetiu a mesma repercussão da versão produzida pelo SBT em 1994. A trama, no geral, ficou ao redor dos 22 pontos de média. Índice aquém da expectativa diante do potencial da trama.

Tanto a autora quanto a direção fugiram da visceralidade da obra de Maria José Dupré. Por isso mesmo, o “final feliz” de Lola e do restante dos personagens é condizente com a adaptação platinada. Em tempos da felicidade pululante nas redes sociais, a suavização de “Éramos Seis” entra nesse contexto.

Produziram uma novela “blasé” com ares do cinema “noir”. Gloria Pires simbolizou tais características. Apenas nos capítulos que focaram a morte de Carlos, a atriz encarnou o espírito de Dona Lola. Nesta semana, Irene Ravache, que interpretou Lola na versão do SBT, praticamente “engoliu” Gloria em cena durante a sua merecida participação especial.

“Éramos Seis”, na TV Globo, ficou com ar de ser uma versão genérica diante da produção do SBT que entrou na galeria das melhores na teledramaturgia brasileira.

A seguir, o nosso tradicional balanço final com os pontos positivos e negativos.

PONTOS POSITIVOS

Eduardo Sterblitch (Zeca) e Maria Eduarda de Carvalho (Olga): Eduardo estreou com o pé direito nas telenovelas. Conquistou excelente desempenho ao viver o interiorano Zeca. Sotaque perfeito. Maria Eduarda, mais uma vez, sobressaiu ao viver a divertida Olga. O casal, sem dúvida alguma, foi o ponto mais forte da produção da TV Globo.

Simone Spoladore (Clotilde) e Ricardo Pereira (Almeida): o casal funcionou na versão da novela na TV Globo. Spoladore encarnou o espírito da obra e vivenciou a intensidade da personagem. Pereira cumpriu a sua missão.

Julia Stockler (Justina): na realidade, as histórias paralelas funcionaram no remake da TV Globo. Justina, interpretada por Julia Stockler, é um dos exemplos. A atriz conseguiu construir a personagem sem estereótipos.

Cássio Gabus Mendes (Afonso): o ator se destacou em “Éramos Seis”. Sobressaiu ao interpretar com verdade o dono do armazém. Conquistou o carinho do público.

Participações especiais: a obra teve o mérito de resgatar parte do elenco da produção de “Éramos Seis” do SBT. O encontro entre Irene Ravache e Othon Bastos foi espetacular. Luciana Braga, Marcos Caruso e Wagner Santisteban também foram lembrados. Até Nicete Bruno, que interpretou Lola na TV Tupi, ganhou seu espaço nesta reta final.

PONTOS NEGATIVOS

Nicolas Prattes (Alfredo): o ator não conseguiu transfigurar sua aparência de bom moço em “Éramos Seis”. O carioca, em nenhum momento, encarnou o paulistano malandro dos anos 30. Na realidade, a direção errou ao trocar a escalação. O diretor Carlos Araújo deveria ter mantido Prattes no papel de Carlos. Poderia ter obtido melhor desempenho como o filho número 1 de Lola.

Danilo Mesquita (Carlos): o mesmo acontece com Mesquita. A direção, no último momento, escalou o baiano para interpretar Carlos quando, na realidade, deveria ter encarnado Alfredo. O resultado poderia ter sido melhor. O ator transformou Carlos, personagem correto e ético, em um chato e “mala”.

André Luiz Frambach (Julinho): “Éramos Seis” é uma novela essencialmente paulistana. Ambientada na Avenida Angélica e arredores. Frambach apresentou, desde o primeiro momento de sua entrada na novela, o sotaque carioca que surgiu como um forte ruído na obra como um todo.

Susana Vieira (Emilia): a atriz não passou o necessário ar aristocrático de Dona Emília em “Éramos Seis”. A “nobreza” de uma senhora dos Campos Elíseos dos anos 30 surgiu em momento algum. Mais parecia uma senhora rabugenta que saía de sua mansão para jogar bingo.

Werner Schunemann (Assad): o ator adotou um sotaque estranhíssimo ao Sr. Assad. Forte ruído na interpretação.

Lili (Triz Pariz): nesta adaptação, Lili foi a personagem mais sacrificada. Mal apareceu na novela. No remake do SBT, só para lembrar, Flavia Monteiro interpretou a filha de Genu (Jandira Martins) e Virgulino (Marcos Caruso). Virgulino, Virgulino… Aliás, nem dá para comparar com o casal formado por Kelzy Ecard e Kiko Mascarenhas.

Fabio Maksymczuk

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