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Parte do elenco de "Supermax" (Estevam Avellar/Globo)[/creditos:9da6519b85]
"Supermax" é uma das maiores apostas da Globo nos últimos tempos. Nenhuma uma outra produção da emissora recebeu tantos investimentos em marketing no seu lançamento como essa série. A produção foi anunciada em dezembro do ano passado na Comic Con Experience, durante o ano foram divulgados vários teasers e trailers em redes sociais e a série também ganhou uma versão internacional falada em espanhol a ser lançada, comandada pelo diretor argentino Daniel Burman. Mas, o mais surpreendente, foi a produção ser lançada primeiramente no Globo Play, antes da TV. A emissora disponibilizou ontem (16), os 11 episódios da temporada com exceção do último, para os assinantes do serviço online.

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Mas essas estratégias de marketing, também podem ter gerado um efeito que pode ser um problema: a alta expectativa gerada pela série. "Supermax" atraiu a atenção de vários jovens que há algum tempo não assistia à TV aberta e de um um público que agora acompanha as séries norte americanas de forma voraz pelos serviços de streaming. Agora, "Supermax" consegue entregar o que promete? Seria a série capaz de agradar esse público? De surpreendê-lo e trazê-lo de volta às produções da Globo?

"Supermax" é mais uma tentativa da Globo de entrar no ramo do suspense, mistério e terror, já tentado algumas vezes como na excelente "A Cura" (que infelizmente ficou só na primeira temporada). "Supermax" conta a história de 12 participantes de um reality show que são confinados em um presídio de segurança máxima desativado em plena Floresta Amazônica. Até que o grupo perde o contato com a produção e as coisas começam a dar errado. Bem errado. A série é cheia de referências como "Jogos Vorazes", "Lost", “Big Brother Brasil”, "American Horror Story", "The Walking Dead", "True Detective", "Jogos Mortais"

Essas referências à filmes e séries são tão explícitas que muitas vezes temos a impressão de deja-vu. Principalmente "Lost". Parece que "Supermax" foi concebida na mesma forma de "Lost". Temos os flashbacks revelando segredos dos personagens, a exploração do ambiente em grupos (com sempre um participante se dando mal), temos nossos Jack (Sérgio) , Sawyer (Artur), Kate (Bruna), Sayid (Luisão), Locke (Timóteo) … Temos também, uma história do passado do presídio, inimigos sobrenaturais misteriosos e até "os outros". Até quando desvendam os bastidores da prisão, o espectador tem a mesma sensação de quando foram descobertas as escotilhas na série americana. E isso é ruim? Não, muito pelo contrário. É um caminho "seguro" para um projeto ousado para os padrões da TV aberta. E sim, os roteiristas souberam criar uma interessante história em cima de uma fórmula já testada (e aprovada).

O primeiro episódio é baseado em qualquer primeiro episódio do "Big Brother Brasil". A intensão é mostrar para o público que a produção é um reality e não uma ficção. Bial aparece na TV, conversa com os participantes, são mostrados videos perfis de cada participante e até temos o primeiro "jogo da discórdia" e a primeira "prova do líder". Ai percebe-se que o jogo é para os fortes, já que a prova está mais para "Jogos Mortais" que para gincana televisiva. Logo de cara, uma série de regras são quebradas e vemos que o reality está sem controle. E isso se estende para os próximos dois episódios.

A história começa a ganhar contornos de terror e suspense, a partir do quarto episódio. Ai sim, "Supermax" começa a entregar o que promete. A cada episódio, a barra vai pesando cada vez mais, com direito a cenas de amputação, satanismo, estupro… Claro, tudo dentro do padrão Globo. Por volta do episódio oito, a trama vai ficando cada vez mais sombria, com os personagens totalmente perturbados e o mal dominando toda a série, seguindo uma linha "The Walking Dead" de luta pela sobrevivência. Prepare-se para despedir-se de personagens queridos (e outros nem tanto).

"Supermax" consegue assustar e divertir. A trama prende e surpreende o público. O problema é a irregularidade entre os episódios. Temos episódios extremamente interessantes, quanto episódios que levam o espectador ao tédio. Outra falha é a má construção de alguns personagens, feito em cima de clichês como o policial envolvido em corrupção e o padre envolvido em pedofilia. Aliado a algumas interpretações que não convencem como a Bruna de Mariana Ximenes, atriz que parece ter ligado o piloto automático. Outra "pedra no caminho" de "Supermax" é a afinidade do público cada vez maior com as produções internacionais, que gera uma série de comparações. "Supermax" é uma produção brasileira, com elementos da dramaturgia nacional. E claro, carrega vícios do gênero, incomum para quem não acompanha as novelas e séries da Globo.

Sim, "Supermax" tem tudo para agradar os fãs que assistem séries em binge watching e espectadores millennials . Também é um produto bem diferente para a TV aberta, podendo ser um sucesso ou fracasso de audiência. Sim, "Supermax" é uma boa série, mas também não segura toda essa expectativa que foi colocada sobre ela. Apesar da intensão em inovar, não dá para jogar para a série a responsabilidade de reinventar a dramaturgia de séries na TV brasileira. Só de abordar com competência um gênero que raramente é encontrado na TV aberta, "Supermax" merece sua atenção.

Para quem já assistiu no Globo Play, agora é aguardar dezembro para ver o desfecho de "Supermax" e torcer por uma segunda temporada. Ansioso.

"Supermax"


Globo Play – 11 episódios (Já disponíveis)
TV Globo – Estreia dia 20 de setembro, às 23h30 com exibições às terças.

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